segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Vento na Terra do Nunca

Longe vão os tempos das grandes descobertas marítimas; bem andaram as majestades reais com os empenhos e engenhos guerreiros que se conhecem, a par de outros interesses profanos e religiosos.
Das riquezas de que se sabia, vieram cheios os porões das naus e caravelas; das outras (riquezas), a colheita justificou os martírios de marinheiros e soldados, Dominicanos, Jesuítas e outra gente de Deus.
Mais bélicos, os galeões, ao sabor de ventos e correntes marítimas, faziam da força bruta a sua raça indomável, mas nem por isso tinham melhor sorte, e a sua altivez de contratorpedeiros de pouco lhes valia, perante as forças da Natureza, e iam ao fundo com a mesma desgraça dos seus congéneres cargueiros de bens e pessoas;
O panorama desses tempos, no arrojo do Homem, tem hossanas de poetas. É por via da escrita que conhecemos os feitos de glória com que se cobriam os viajantes nas suas lutas contra hábitos e costumes de outras origens - nas guerras com os gentios, “falavam” mais alto e mais forte as “vozes” das escopetas e fuzis do homem branco.
Houvesse ou não ventos de feição, os navios sempre se fizeram ao largo.
O mar tem as suas marés, e as ondas, ainda que encapeladas, não eram obstáculo para quem se dispunha a entrar na História pela associação da inteligência, coragem, esperteza, e sabedoria empírica ou não.
Os tempos mudaram, as pessoas também – só o mar e o vento continuam sendo mar e vento, proporcionando ao Homem as mesmas benesses de que nos continuamos a servir “gratuitamente”e em maior escala, porque estamos cada vez mais “espertos”e de inteligência refinada pelo conhecimento cientifico que espanta - tal a evolução das descobertas - como outrora…
Da água do mar, retira-se o sal e serve-se o líquido a contento das sementes que germinam na terra. Das marés, aproveitou-se o vai e vem das águas para gerar energia.
O vento é o ar em movimento que soprou as velas dos barcos de outros séculos e, agora, faz mover gigantescas hélices que, por sua vez, geram energia.
Aos povos que têm a desdita de viver longe dos oceanos, fica-lhes reservada a felicidade de subir mais alto e olhar o mundo lá de cima, com o vento a enrolar-se mansamente à nossa volta, ou asfixiando-nos, como uma anaconda.
Infelizmente, a região do “meu” Concelho é quase plana, sem montes que mereçam a honra de montanhas, não temos altura nem estatura para tocar as nuvens, por isso, o vento que sopra sei lá de que banda, não traz a força suficiente para fazer rodar de forma constante aquelas três enormes pás que se vão desenhando um pouco pelas serras aqui à volta – do Açor à Estrela.
Ventos sem qualidade, pelo que li, é o que temos cá por baixo, nos arrabaldes, logo, a riqueza de ventos de feição não nos calhou em sorte – conclusão simples e sherlockiana.
Sem a possibilidade de, pelo menos, um parque eólico que nos honre a estima, envaideça o ego e alimente o erário público, longe do mar e das marés, sem petróleo ou gás no subsolo (que se saiba!), só resta a barragem da mini - hídrica de Avô para nos tirar da pobreza franciscana, no que à energia eléctrica diz respeito…
É pouco.
Perante factos, vou deixar de dizer aos amigos de longe que vivo na serra do Peter Pan e afiançar-lhe que moro na Terra do Nunca, onde o vento pouco ruge.
O diabrete Capitão Gancho, esse continua por cá, mauzinho, arrogante, inconveniente e…pirata!
Quanto ao Sininho…plimmmmmm!

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