segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Caloiros “à solta”


Não perco pitada das estórias contadas em jeito de crónica pelo escritor Rui Zink, daí que procure alguns dos seus subsídios para meios sorrisos eloquentes, como o excerto deste texto: “Dinossauros excelentíssimos”, que pode ser lido nas suas crónicas benditas: “Luto pela felicidade dos portugueses”.
“…Ao almoço, no restaurante:
- O que recomenda?
- O pargo está uma delícia, e além disso é licenciado em Económicas
- Hum… licenciado em Económicas…
- Mas olhe que está uma categoria…
- Eu sei, mas queria qualquer coisa mais substancial. Não tem nada com mestrado?
- Peixes não, mas tenho umas costeletas de vitela que estão a tirar o doutoramento em Oxford. Fritinhas e servidas com batatas da Católica ficam uma maravilha”.
O diálogo saboroso bem podia fazer parte de um Sketch a que os novos caloiros estariam sujeitos, se a Praxe académica tivesse outros contornos de entretenimento puro, o que não invalida a comicidade dos parodiantes em situações inventadas, na hora, pelos doutores.
Graças aos noviços da ESTGOH -Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital - fiquei a saber que o balcão do bar onde alguns estudantes foram vítimas da Praxe, mede “quase” oitenta paus de fósforos! Tenho as minhas dúvidas, apesar dos encarregados, na proporção de três para um (trabalhador), garantirem a autenticidade dos cinco centímetros de cada amorfo.
O cepticismo resulta do facto de entre eles, apesar da sobriedade com que se apresentaram ao trabalho, não existir consenso quanto às metades que faltam ou sobram a cada ladrilho: que fazer aos sobejos dos ditos? Ou será que são pequenos em demasia?
Em defesa da lógica, o doutor Carlos Maia “Fiúza”, filósofo de ocasião, apontou uma garrafa de Porto e do alto da sua insigne sabedoria, discursa:
- Isto é simples: para mim, a garrafa está meia vazia; aqui para o Ginja, meia cheia!
O Ginja II, que tem jeito para o canto, apresentava-se com um estilo de penteado com tendências futuristas, dava nas vistas - pelo menos enquanto o barbeiro não acertou as escadinhas laterais, entre as orelhas e o cocuruto - como se imagina, e concordou com o mestre, não fosse este ordenar punição maior pela irreverência do contraditório.
A tertúlia compôs-se, segundo o grau e qualidade de quem ia chegando – pessoas ilustres e ilustradas pelo traje negro sem pergaminhos, por ora, a saber: doutores Hélder Pinto, Romeo (com o, sim senhor …) Vieira “Laurent Robert”, Bruno Gomes, e Carlos Maia ”Fiúza”, os engenheiros Santarém, “o campino”, Álvaro Ferreira,”o músico”, a que se juntaram os afilhados Mi Gusto, Lloyd e Roger. Faltaram à chamada o doutor João Paiva, “o teórico da bola”, possivelmente a congeminar nova táctica que possibilite vitórias ao seu clube, e o engenheiro João Bagorro, “o alentejano”, talvez a meio da única “imperial” do dia!
A coberto dos cuidados paternos, alguns ficaram no anonimato, como convém.
Para o Ludovic Costa, “o francês”, 23 anos de idade, licenciado em Económicas, voltar a ser caloiro em Engenharia Civil - “é obra”!
A ESTGOH começa a ser aliciante para a classe estudantil, daí que a Praxe se instale com cânones próprios - falta eleger o Dux Veteranorum!!
Perante “malta” de tal jaez, espera-se, em Oliveira do Hospital, um ano lectivo recheado de bons costumes académicos.
Quanto às aulas, há tempo, “o ano só agora começou” – palavra de caloiro!

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