terça-feira, 23 de junho de 2009

Pé de dança


Acordei na confusão de um sonho onde as personagens eram díspares entre si: havia soldados romanos trajados de capa e batina, estudantes disfarçados de camponeses, os políticos eram querubins e o povo anónimo, com a máscara de sempre, dançava embriagado pelo som da banda filarmónica; os músicos, não mais de uma vintena, vestiam com o rigor de um traje marcial. Eu, mero espectador num espaço de todo desconhecido, tinha a consciência de “estar em casa” e aprestava-me para entrar no baile com uma moçoila que, desde o início do sonho, me fazia negaças com o olhar. - A menina dança? – perguntei gentil, com o frenesi próprio da ocasião. Entretanto, despertei! A cena passava-se em Ulveira do Espital ou na cidade que agora se conhece? A que propósito surgia um sonho alegre, contagiante? Os sonhos têm explicação lógica ou enquadramento real? - Ah… o Carnaval, raciocinei – e tudo ficou mais claro, até os “disfarces”! Naquela noite, tinha privado com três “bruxinhas” e um Maio disfarçado em "duende". Não fora festança de cansar, mas deu para sorrir, rir e gargalhar durante uma hora bem contada. Portanto, tudo se resumiu a brincadeiras de ocasião. Os bares e cafés encerraram portas às duas da madrugada – ainda a noite começava a espreguiçar-se – e não houve tempo para mais. Por isso... sonho! A “minha” cidade tem noites assim, "curtas de pequenas que são" (o que contraria a vontade de a sentirmos vibrante e nada amorfa), deita-se cedo dia após dia, em qualquer altura do ano, e não há santo milagreiro que a salve desta desdita.
Já divaguei que baste – vou tentar voltar ao sono. Pode ser que ainda dê um pé de dança.
Março 2006

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