terça-feira, 23 de junho de 2009

"O Amigo do Povo"




O peso dos anos tem a importância e o valor do trajecto que percorremos. O carrego pode ser pesado se a vida foi madrasta, ou leve se a fortuna teve sorrisos de boa vizinhança. Em qualquer dos casos, a memória funciona como arquivo de todas as coisas, boas e más; por vezes, de forma voluntária, recordamos outros tempos, perto ou longe do momento presente, outras é o acaso que nos faz lembrar o passado. Casualmente, encontrei na mesa de um café um jornalinho que, confesso, não folheava desde os tempos em que ia à Missa, aos domingos. Chama-se O AMIGO DO POVO, é editado pela Diocese de Coimbra, e tem de vida noventa anos!
São duas folhas "A4", de conteúdo evangelizador, naturalmente, e é informativo quanto baste. Tinha (e tem!) uma secção que lia com enlevo: "Ao calor da fogueira" - diálogos simples e moralistas, como o da edição 4280, do dia 11 deste mês de Natal. De tanto querer saber (e nada sei!...) tornei-me agnóstico, mas este jornalinho transportou-me à infância na minha aldeia, ao padre Januário, às brincadeiras do pião e aos futebois no largo da escola, às reguadas da professora Georgina e aos seus preciosos ensinamentos, à primeira namoradinha, ao Peixoto (a quem sovei de raiva, certa tarde, por causa da Teresa que era miúda de alguma beleza e sorriso brejeiro), aos passarinhos presos nas armadilhas, aos mergulhos no rio, ao Américo Cigarrada (ai...os peixes que agarrava à mão, no "meu" rio, só para me satisfazer os desejos!...), à avó Virgínia, à mãe Natália...
Dezembro 2005

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