sábado, 27 de junho de 2009

A dança da avozinha


A correspondência entre os amigos deixou de usar os correios para chegar ao destino, o espaço virtual é instantâneo na oferta, e é por essa via que vamos sabendo uns dos outros.
Simples e económico, mas sem o prazer do manejo da caneta sobre o papel, e para quem lê, a ânsia de receber das mãos do carteiro uma carta que seja, abri-la e ficar preso/a às palavras, há muito que deixou de ser hábito.
Felizmente há excepções, que confirmam a regra; a regra são os emails e os “SMS”, que vêm pelo ar e aterram no meu Toshiba a qualquer hora, muitas vezes sem nome no remetente, outras com endereços completamente desconhecidos. Felizmente, a Rosa (“Gita” para os amigos), que reside no meu sítio e a quem me liga uma saudável amizade, nunca se esquece de acrescentar o nome e o endereço…
Nos tempos de agora, é quase impossível recriar “ ao vivo” “O Carteiro de Pablo Neruda”, porque a poesia anda arredia dos amores, escritos a tinta e em maiúsculas, que tanto seduziam a bela Beatrice Russo; adiante – o melhor é ver o filme e deixar-se enamorar por ele, como o carteiro pela bela Beatrice…
Volto à Rosa, que faz questão de presentear os amigos com emails bem-humorados, textos e imagens de gargalhar, o que, convenhamos, têm efeito placebo nas tristezas. Além disso, esta amiga acrescenta introdução da sua lavra à correspondência que lhe chega de outras paragens, o que valoriza o conteúdo do que se lê ou vê, um pouco ao jeito do meu amigo alentejano, da Amareleja, que “embrulha” as anedotas com risos e afins, garantindo finais de boa disposição.
O vídeo que agora a Rosa me enviou, onde uma sexagenária (?) rechonchuda torce e retorce o corpo ao ritmo cadenciado de “uma música maluca”, é capaz de espantar a gente nova menos afoita às danças moderna As imagens, só por si, são um fartote de risos, mas se lhe juntarmos a introdução desenhada pela Rosa, como adiante se verá, o “espectáculo” fica completo, até para os mais sisudos.
Sabe-se como são as pessoas mais idosas, sobretudo as senhoras que vivem no campo, para quem o ideal seria “sol na eira e chuva no nabal”. A partir de uma certa idade, o corpo fica mais pesado, não responde ao chamamento da enxada, vêm os achaques, falar em pé de dança é remetê-las à saudade de quando eram moças, os tempos mudaram, os bailes mandados ao som da guitarra do ti ‘António Pereira pertencem ao passado…e por aí fora – a viagem é longa nas lembranças. Foi “tudo isso” que a imaginação da “Gita” transformou nas palavras que acompanham as imagens:
“Localizem-me esta MULHER!!!!!! Por favor!!!!!! Tragam-na p’ro Barril!!!!!! Please!!!!! Nunca mais se ouvia falar em médico de família, dói-me aqui, tenho que ir regar porque não chove, as couves nem crescem, porque não chove... as batatas....porque não chove!!!!!! CHIÇA!!!!!! Tragam-me esta MULHER!!!!!! Que animação! Do melhor”!

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