sexta-feira, 6 de março de 2009

Prazeres implícitos


Há dias em que baralho as ideias de tal forma que me obrigo a reflexão mais ou menos minuciosa. O mundo, na verdade, não fica de pernas para o ar pelo simples facto de um mortal assumir que em certas horas se confunde. No meu caso, o mundinho onde me movo, de tão pequeno, passa despercebido, mas quando tenho as ideias desordenadas, fica mesmo virado ao contrário, como aconteceu um dia destes quando folheava um diário desportivo, na ânsia de conhecer o projecto camachiano do meu Benfica.
Não li nada de novo e interessante, confesso, excepto um anúncio dos “classificados” onde determinada senhora oferecia os seus préstimos para acalmar o stress dos leitores.Em três linhas apresentava o seu currículo físico e deixava adivinhar nos três pontos do final do texto prazeres implícitos - o normal, com o pormenor acrescido de, dizia ela, ter sido namorada de um futebolista!
O reino da publicidade usa palavras “plebeias” que nos empurram para o consumo de determinado produto; no caso, o eventual facto da referida dama ter namorado com um fulano que ganha a vida ao chuto (numa bola), e isso representar mais valia no marketing do “artigo,” fez-me sorrir e imaginei, de seguida, a primeira página de certo tablóide nacional:“Fulana de tal, ex namorada do futebolista Y, assume-se como prostituta” – e acrescentaria o número do telemóvel para que pudessem ser confirmados “ao vivo e a cores” os prazeres que o rapaz da bola atirou às malvas!
Razão tem o “craque” Cristiano Ronaldo quando está (estará?) nas tintas para as parangonas do jornal The Sun que, com frequência, escreve sobre a sua vida privada - faltará relatar quantos “chutos”dá o moço na intimidade da sua mansão...
Um dia destes, por este andar, com o fito de arranjar parceiro, aparecem viúvas a publicitar as suas virtudes, e dos defuntos maridos, não por aquilo que construíram a dois durante o tempo de vida, mas pelos “segredos” que o cantor brasileiro Ney Matogrosso retrata numa das suas cantigas apimentadas:“É debaixo dos pano /Que a gente comete um engano/ Sem ninguém saber /É debaixo dos pano/Que a gente entra pelo cano /Sem ninguém ver"!

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